Perfeccionismo ou melhoria contínua...? Perfeccionistas ou “aperfeiçoadores”...? Perfeitos ou Pessoas?


No Projeto IDEA, continuo a escrever uma e outra vez sobre as mesmas questões: este texto foi escrito para convidar a participar no I Encontro IDEA, há oito anos atrás.

"Na realidade não precisamos que os nossos alunos aprendam mais. Nem que tenham melhores notas. Nem que façam mais trabalhos de casa. Nem mais exames. Nem mais nada.
Pelo contrário. Precisamos que aprendam melhor. E que aprendam a aprender. E que tenham vontade de continuar a melhorar e a aprender pela vida fora. Que ganhem gosto e gostos. Que gostem mais de si próprios. E dos outros. E da vida. Que tenham sonhos e projetos e atitudes empreendedoras. Que valorizem o saber e o sabor de aprender. Que aprendam a saborear, a ser autónomos e socialmente responsáveis. Que se conheçam a si mesmos e saibam como gerir a sua própria aprendizagem. Valorizar mais o saber e menos as notas. Valorizar a excelência e a sabedoria. Isto é, valorizar o objetivo maior de se superar a si mesmo e às dificuldades que vão surgindo. Continuamente melhorar. Cooperando com todos os que à sua volta querem melhorar também. Qualquer que seja a sua posição num qualquer ranking ou escala de valores.
Venha a Avis! Concordar ou discordar connosco. Ajude-nos a melhorar. A investigar dificuldades de forma a evoluirmos na aprendizagem (IDEA)."
No Projeto IDEA não estamos a sugerir que se faça MAIS, sugerimos formas de fazer MELHOR. Que se invista na QUALIDADE, o que significa um esforço de melhoria contínua. Sugerimos sobretudo que se pense DIFERENTE (uma mudança de conceitos e de mentalidades) e que se faça MELHOR (que se invista na EVOLUÇÃO na aprendizagem).
Tal como vimos neste ano extraordinário, e tal como vamos ver no próximo ano letivo, a questão não é (como nunca foi) cumprirmos todos o mesmo currículo, da mesma maneira e ao mesmo tempo. A questão não é avaliar e classificar com qualquer nome científico quem não cumpriu ou não conseguiu ou não chegou a tempo...
A meu ver, a questão é sempre partir do ponto em que se está, dos recursos que se tem, e traçar rumo para um ponto (um pouco ou muito, não importa) mais além. A questão é ajudarmos todos a uma permanente e persistente evolução, ao seu ritmo, no seu contexto, no seu rumo... Ah, mas então como fica a uniformização, a padronização, o exame e a avaliação...? Como fica a nota, a classificação...?
Trabalhamos muito mais (do que devíamos) para o perfeccionismo de uma nota, de um resultado final do que para um aperfeiçoamento pessoal e continuo a que normalmente se chama APRENDIZAGEM. E que é muito mais útil, vasta e diversa, muito mais pessoal e humana, muito mais complexa, do que a linearidade e a perfeição das notas traduz. Por isso penso hoje, que talvez esteja na hora, não de compensarmos simplesmente tudo o que não se aprendeu este ano, para um cumprimento perfeito de um currículo imperfeito... precisamos de investir muito mais na diversidade e na complementaridade, nesta oportunidade de medirmos de modos diferentes o sucesso na aprendizagem.
Precisamos de notas para medirmos quem é melhor do que quem...? Para escolhermos quem tem direito a quê...? Quem é PERFEITO e segue em frente...?
Ou precisamos de anotar o que se aprende, de observar e registar, para disso (ajudar) a fazer um percurso PESSOAL e coerente...?
Querem ver...?
Senhores empregadores, empreendedores, líderes deste mundo...? Querem nas nossas empresas resmas de currículos idênticos e PERFEITAMENTE repetitivos de milhares de repetidores, ou precisam cada vez mais de currículos de PESSOAS diferentes, de criadores coerentes, de investigadores resilientes...? Preferem contratar dos quais...? Quais vão preferir substituir por máquinas PERFEITAS...?
The Crowd Unit Choice Mass Of - Free vector graphic on Pixabay
Num mundo PERFEITO, não haveria vírus, nem erros, nem falhas, nem diferenças, seria tudo maravilhosamente limpo e previsível, mas creio que também nos faltariam as PESSOAS.
Por isso este ano, V Encontro IDEA, é esta velha IDEA que retomamos, a questão de trabalharmos com os alunos em dificuldade (e com todos os outros) para os educarmos para mais PERFEITOS ou melhores (e maiores) PESSOAS. Este mês de Junho, online e em sessões de pequeno grupo, vamos pensar nisto. Em espírito de investigação em contexto colaborativo, de corpo e alma, olhando o futuro.

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